domingo, 9 de dezembro de 2012

Somos todas Apodi






No dia 10 de dezembro de 2012, ativistas da Marcha Mundial das Mulheres realizaram ações nas comunidades entre as 12h e as 13 horas. Da Nova Caledônia até Seattle, a mobilização ira acontecer durante 24 horas para lançar um grito de alerta sobre os ataques aos direitos das mulheres, e para dar visibilidade para as ações de resistência e  alternativas.

Aqui no Brasil, a disputa em torno do modelo de desenvolvimento no Brasil é o que nos move nesse dia de ação feminista. Manifestamos nossa solidariedade à resistência das mulheres de Apodi, no Rio Grande do Norte.

O agronegócio é o projeto do domínio do capital sobre nossos territórios e sobre nossas vidas. Ele mostra seus interesses e poder em todos os cantos, como na violência contra os e as indígenas no Mato Grosso do Sul para o monocultivo de soja transgênica, e na busca de uma aliança estratégica com setores do governo federal para tomar as terras de camponesas e camponeses da chapada do Apodi.
Estamos nas ruas em solidariedade às mulheres de Apodi, que resistem ao agro e hidronegócio.
Somos contra a proposta do perímetro irrigado de Apodi. O projeto quer entregar as terras da Chapada do Apodi e as águas da barragem de Santa Cruz para cinco empresas que produzem frutas para exportação. Esse projeto foi apelidado de Reforma Agrária ao contrário. Isso porque ele tem como objetivo desapropriar 13.855 hectares de pequenas propriedades para reconcentrar essa terra nas mãos do agronegócio. O exemplo de outros perimetros irrigados demonstram que aumenta a miséria, a prostituição e a violência.
A luta da Marcha Mundial das Mulheres, em conjunto com outros movimentos sociais, é em defesa de um modelo de desenvolvimento com igualdade e justiça. O projeto ameaça a agricultura familiar e camponesa e a produção do viver de centenas de famílias, que, a partir da produção nas pequenas propriedades, representa o terceiro PIB agropecuário do Rio Grande do Norte.
A produção na região é de mel, caprinocultura, avicultura e as agricultoras desenvolvem, cada vez mais, a agroecologia. Esta produção de alimentos abastece a região. Mas o perímetro irrigado vai acabar com isso: as empresas irão produzir para a agroexportação e da forma como o agronegócio sabe fazer: com agrotóxicos que contaminam a terra, a água e os alimentos, provocando escassez de água para os e as produtores/as de arroz do vale.
Por isso afirmamos: a chapada do Apodi é território da agricultura familiar camponesa!!! 
A nossa luta é todo dia nossa chapada não é mercadoria!!!

Contra o agronegócio, por soberania alimentar!
A soberania alimentar, a reforma agrária e a agroecologia fazem parte da nossa luta por igualdade e autonomia econômica das mulheres, que se articula com uma mudança estrutural no modelo de (re)produção e consumo. As mulheres tiveram que lutar muito pra conquistar a terra e as condições para produzir, como água e infra-estrutura. E da mesma forma tem que lutar para permanecer na terra. Perder as terras significa perder a autonomia econômica e ter que buscar outras formas de sobreviver, provavelmente na periferia das cidades. 
As mulheres resistem!
Estamos em solidariedade com as mulheres de Apodi desde o ano passado. Enviamos cartas para o governo, realizamos manfestações e audiências públicas. Mas apesar destas ações, o governo segue com a implementação deste projeto e já iniciou a indenização de 35 famílias que serão atingidas pela primeira fase da construção do perímetro irrigado.
Nos últimos meses, as mulheres de Apodi demonstram coragem na resistência e, neste 10 de dezembro, nós mulheres do Brasil e de todo o mundo nos unimos a esta luta: somos todas mulheres de Apodi!
Estamos em marcha até que todas sejamos livres! No Brasil, isso significa, também, até que o campo esteja livre do agronegócio!
Fonte: MMM

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